O hidrogênio, um dos elementos mais abundantes na Terra, é um gás incolor, inodoro e inflamável e comumente se apresenta em estado combinado. É encontrado principalmente na água e em compostos orgânicos, sendo necessário separá-lo de outras substâncias para obtê-lo em sua forma pura.
O hidrogênio tem uma densidade de energia maior do que a dos combustíveis fósseis comuns existentes, e surge como uma oportunidade em direção a uma transição energética limpa e sustentável.
Sua história como fonte de energia remonta décadas, mas recentemente, com o estabelecimento do Conselho do Hidrogênio em 2017, ganhou destaque como protagonista na busca por soluções para as questões prementes da mudança climática e da descarbonização.
O hidrogênio é um excelente portador de energia, além de ser matéria-prima para vários setores de atividade, como indústria, transporte e energia. A utilização do Hidrogênio Verde como fonte direta de energia ou como vetor energético no Brasil encontra-se em grande avanço, e os projetos nesse sentido vêm sendo desenvolvidos nos principais Hubs do país, a exemplo do Ceará.
O Ceará possui enorme potencial para produzir Hidrogênio Verde, aproveitando suas fontes de energia renovável, como a energia solar e a eólica. Trata-se de uma vantagem competitiva, pois a maior parte da produção de hidrogênio é proveniente da reforma a vapor do gás natural, sendo consumido principalmente em refinarias e fábricas de fertilizantes.
A matriz energética brasileira é composta por 45,4% de fontes renováveis (em 2021), sendo sua taxa de renovabilidade 3,08 vezes superior à média global (que foi de 14% em 2019). Por exemplo, o uso de fontes de energia fósseis representa 97% na África do Sul, 94% na Rússia, 92% na Índia e 87% na China.
Os esforços internacionais em direção a uma transição energética limpa são notáveis. A União Europeia é um exemplo proeminente desse empenho, focada em alcançar a neutralidade climática até 2050.
Com oportunidades para abastecer a União Europeia, as condições geográficas do Ceará facilitam a utilização das fontes de energia renovável, permitindo reduzir parte dos custos de produção de hidrogênio. Há outros desafios a serem enfrentados para torná-lo econômica e ambientalmente viável, como ofertar transporte seguro e eficiente do hidrogênio, considerando suas particularidades em relação a outras fontes energéticas.
Importante destacar que no mercado interno cearense há a presença de setores demandantes do uso de hidrogênio em suas atividades produtivas, tal como para a produção de aço, cimento e fertilizantes, além da aplicação como combustível para transportes. Portanto, além de desempenhar um papel crucial no cenário de emissões líquidas zero até 2050, haverá um aumento da parcela de hidrogênio sustentável em usos industriais correntes, expansão desse insumo em novas aplicações e reduções no seu custo de transporte.
Novas aplicações estão em constante aprimoramento, com destaque para o setor automobilístico e, até mesmo, para a indústria aeronáutica. A exemplo da eletrificação dos veículos que impulsionaram o crescimento econômico da China há duas décadas, os veículos movidos a células de hidrogênio prometem ser uma peça fundamental para alavancar o mercado cearense, tanto na produção quanto no fornecimento de materiais e equipamentos.
O Observatório da Indústria do Sistema FIEC é um parceiro essencial na jornada em direção a um futuro sustentável e próspero. Com colaborações estreitas entre sistemas públicos e privados, estamos comprometidos em impulsionar o desenvolvimento econômico no Ceará, no Nordeste e em todo o Brasil. À medida que avançamos, fica claro que o Ceará está posicionado para se destacar na arena do Hidrogênio Verde. Estamos moldando um amanhã mais competitivo e sustentável para nossa região e nossa nação.
Por Simone Sartori – Pesquisador Especialista em Prospectiva Estratégica do Observatório da Indústria - Sistema FIEC.
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