O Observatório da Indústria Ceará acaba de lançar a primeira edição de 2025 do Boletim Trimestral de Economia, publicação que analisa a conjuntura econômica do Estado com base em dados atualizados sobre variáveis como PIB, emprego e inflação. Nesta edição, o boletim revela que, após um crescimento expressivo da atividade econômica em 2024, o Ceará inicia 2025 com sinais de desaceleração.
O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) do Estado acumulou alta de 3,4% até fevereiro, patamar que ficou abaixo do ritmo observado em anos anteriores, porém superior ao apresentado pelo Nordeste (2,4%) e próximo ao nacional (3,8%).
Já a expectativa para o PIB cearense ao final do ano é de um crescimento de 2,5%, influenciado por fatores como a base comparativa elevada, uma taxa de Selic ainda alta e um cenário internacional adverso.
O consumo segue como um dos principais pilares da economia cearense, aponta o estudo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no primeiro trimestre de 2025, a massa de rendimentos cresceu 6,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo o aumento do poder de compra da população.
Também chama atenção o mercado de crédito, que registrou alta de 9,0% nas operações em relação ao primeiro trimestre de 2024, especialmente impulsionado por pessoas físicas, mesmo com o custo mais alto dos financiamentos. Entretanto, a alta taxa de juros deve afetar de forma mais significativa setores baseados no consumo da população, como serviços prestados às famílias e setores industriais de bens de consumo.
“Este boletim é uma ferramenta estratégica para antecipar tendências e compreender o ambiente econômico do Estado. Nosso objetivo é entregar inteligência de mercado de forma acessível e com rigor técnico”, afirma David Guimarães, Especialista em Inteligência Competitiva do Observatório da Indústria Ceará.
Carga tributária e taxas de juros são entraves
Apesar do bom desempenho do consumo e do crédito, o boletim indica que os industriais cearenses seguem preocupados com a carga tributária e a taxa de juros, dois dos principais entraves apontados no primeiro trimestre de 2025. A carga tributária foi citada por 32,3% dos empresários, enquanto 30,7% mencionaram a taxa de juros como principal obstáculo – esse último com um aumento de 6,9 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
“Os dados revelam um cenário de transição. Apesar da desaceleração esperada, o otimismo do setor produtivo segue presente, especialmente nas perspectivas de investimento e demanda”, comenta Pamella Nogueira, Pesquisadora em Inteligência Competitiva do Observatório.
As expectativas do setor industrial para os próximos seis meses continuam positivas, mesmo com os sinais de esfriamento da atividade econômica. Como explica Laís Veloso, Gerente de inteligência competitiva do Observatório da Indústria Ceará, há uma confiança renovada em relação à manutenção da demanda e novos investimentos, ainda que o segundo semestre de 2025 deva consolidar um ritmo de crescimento mais moderado.
“Compreender o momento econômico do estado com base em evidências é fundamental para a indústria planejar o futuro com mais segurança e eficiência”, conclui Laís.
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